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  • Foto do escritorGabriela Chiquito Gawleta

ACT | Terapia de Aceitação e Compromisso

Foi a linguagem que proporcionou tamanha evolução à existência humana. Foi e é com ela que transpomos conhecimento entre as gerações e somos capazes de controlar, em certa medida, a natureza e realizar criações como a arte e a tecnologia. A linguagem também proporcionou que nós, animais tão frágeis fisicamente, não ágeis e relativamente pequenos, nos tornássemos o topo da cadeia alimentar. Mas também foi essa habilidade que nos proporcionou tamanhos avanços que nos possibilita o sofrimento. Temos uma capacidade cognitiva imponente, que nos capacita para a resolução de problemas complexos em relação ao nosso mundo. Mas esse modo "resolução de problemas" não funciona com nossos pensamentos, sentimentos, emoções e experiências dolorosas. E é por isso que sofremos. Esse é o pressuposto da ACT, a Terapia de Aceitação e Compromisso.


A ACT é a sigla para o nome em inglês (Acceptance and Commitment Therapy) da Terapia de Aceitação e Compromisso. É pronunciada como uma palavra, fazendo referência a palavra "act" em inglês, que significa agir. É uma abordagem psicológica criada por Steven Hayes e colaboradores em 1987, baseada num modelo transdiagnóstico, inserida no contexto da terceira onda das terapias comportamentais. Se apoia no modelo de ciência conhecido como Ciência Comportamental Contextual (CBS) e no paradigma filosófico Contextualismo Funcional. Importante ainda mencionar que é baseada na RFT, a Teoria das Molduras Relacionais, a qual busca explicar as raízes do sofrimento humano.


Flexibilidade Psicológica


Para a ACT, a raiz da psicopatologia, da infelicidade e do sofrimento humano é a inflexibilidade psicológica. Ou seja, maneiras rígidas e inflexíveis de viver, o que promove uma vida restrita e com pouca variabilidade.


Nós seres humanos, justamente por esse padrão "resolução de problemas" tentamos sempre nos afastar de experiências internas que avaliamos como desagradáveis e com isso nos prendemos aos significados literais das palavras, nos afastamos do aqui e agora e nos apegamos a conceitos sobre nós mesmos. Combinado com a falta de clareza sobre nossos próprios valores e com a dificuldade de nos comprometer com eles, somos cada vez mais inflexíveis psicologicamente. Ou seja, na tentativa de não sofrer, nos afastamos de tudo o que nos é importante, e sofremos "em dobro".


Por exemplo: uma pessoa pode ter como área importante de sua vida os relacionamentos afetivos. Mas sente-se ansiosa só de pensar em conhecer alguém. Começam a vir pensamentos sobre ser rejeitada e traída. Logo desiste de começar a investir em encontros. Com isso ela livra-se de sentir ansiedade e da possibilidade de ser rejeitada ou traída. Mas também não viverá um relacionamento, o que é importante para ela. Então, essa esquiva evita o sofrimento apenas a curto prazo, já que cada vez mais ela está distante da vida que gostaria de viver.

Logo, o objetivo da ACT é promover flexibilidade psicológica. O objetivo de um processo psicoterapêutico em ACT não é reduzir sintomas ou fazer o cliente "se sentir bem". Queremos que o cliente "sinta bem" tudo o que a vida oferecer, construindo e vivendo uma vida com significado e propósito, de forma coerente com seus valores.

A flexibilidade psicológica é cultivada na combinação e interação dos seis processos psicológicos representados no hexágono acima, o Hexaflex.

  • Aceitação, desfusão cognitiva, self como contexto e contato com o momento presente são conhecidos como Processos de Mindfulness. Eles são os meios para se estabelecer um compromisso com a vida que o cliente gostaria de viver.

  • Valores e Ações Comprometidas compreendem os Processos de Mudança Comportamental.


Processo de Psicoterapia em ACT


Um terapeuta ACT tem uma postura de disposição, abertura e curiosidade para compreender como os pensamentos, sentimentos e comportamentos do cliente se relacionam à sua história de vida. As sessões não são protocolares, ou seja, não há uma estrutura pré-definida e rígida. Assim, o terapeuta ACT pode ser criativo ao planejar intervenções visando o sucesso do tratamento. Alguns recursos que são frequentemente utilizados num processo de psicoterapia em ACT são as metáforas e os exercícios experienciais de mindfulness. Também é um objetivo do processo que o cliente aprenda a ter uma compreensão funcional de seu próprio comportamento, ou seja, que ele analise e compreenda o porque de se comportar como se comporta.


A ACT é uma proposta transdiangóstica, ou seja, se orienta por uma análise funcional individualizada para compreender quais os processos psicológicos estão influenciado o quadro de sofrimento de cada indivíduo. Processos de inflexibilidade psicológica costumam estar presentes em transtornos de ansiedade ou depressivos, assim como também em casos de dor crônica. Para além dos diagnósticos, quando lutamos contra nossa própria vulnerabilidade e subjetividade, podemos nos beneficiar da ACT.

"A pessoa deve definir o que realmente quer da vida a longo prazo, descobrir quais são seus próprios valores e viver de acordo com eles. Isso é ser feliz. " (Steven Hayes)
 

Gabriela Chiquito Gawleta

Psicóloga Clínica | CRP 08/35219










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